Sobre
Há limite para a sede? Há de cultivar o bastante, mas para a alma? Somente asas para sonhos? Somente cometas para voos universais? Há demasia de estrelas para o infinito? Há exagero no que transborda? Há muita água no rio que invade o oceano, se transforma, se mistura? Que mistério há em duas vidas que se tornam uma? Há pecado no profundo mergulho? Há loucura no desejo de se afogar de ar e respirar o mar? Há insanidade na mais brilhante fantasia? Há amor demais que clareia a noite e estrela o dia? Para a falta, para o muito e para o todo, o que define, incendeia e redime é a simples imensidão que há. É a poesia. É ela que me corrói, me constrói e constitui. Que me afasta e me seduz. É nela que por vezes passo e é nela que como corpo quero morar. Vagar sem rumo, parar no tempo, passar e viver. E como espírito, é na poesia, de palavras escritas, gritadas, não lidas e não ditas, que desejo transcender. Gustavo Afonso