Refluxo
Eu não durmo porque penso demais E pensar muito me enjoa Vomito mal ditos e ditados Que me recortam em deformados pedaços Tenho um refluxo que me para no peito E golfar versos um grande alívio me traz Higieniza o corpo, expulsa o marear Devolve-me o ar, um tanto bem me faz O que me embrulha não são bem palavras São sentimentos mal mastigados Amores mal digeridos Feridos, sangrados, mal resolvidos São paixões recheadas de espinhas Que travam na minha garganta Engasgo, quase morro e cuspo Um balde de desesperança Meu amor é validade vencida É comida estragada Que por fome de vida Empurro goela abaixo Meu amor me intoxica Infecciona minha alma Amarra-me à latrina Desespera minha calma Meu amor é mutilado Distorce os sentidos de tanto doer Meu amor é dilacerado Mas é o amor que me faz viver Gustavo Afonso