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Mostrando postagens de maio, 2017

Refluxo

Eu não durmo porque penso demais  E pensar muito me enjoa Vomito mal ditos e ditados    Que me recortam em deformados pedaços Tenho um refluxo que me para no peito E golfar versos um grande alívio me traz Higieniza o corpo, expulsa o marear Devolve-me o ar, um tanto bem me faz O que me embrulha não são bem palavras São sentimentos mal mastigados  Amores mal digeridos  Feridos, sangrados, mal resolvidos  São paixões recheadas de espinhas Que travam na minha garganta  Engasgo, quase morro e cuspo Um balde de desesperança  Meu amor é validade vencida É comida estragada  Que por fome de vida Empurro goela abaixo Meu amor me intoxica  Infecciona minha alma Amarra-me à latrina Desespera minha calma Meu amor é mutilado Distorce os sentidos de tanto doer Meu amor é dilacerado Mas é o amor que me faz viver Gustavo Afonso

Luzes da rua

O engraçado é que é sempre igual Aos poucos sentindo menos Lágrimas parando de brotar E o sentimento morrendo O curioso é que é uma sensação estranha Parecem as luzes da rua se apagando enquanto a manhã vai surgindo Quando as luzes apagam, escurece Mas aos poucos a manhã vai acendendo e colorindo O medo é que o dia nasça feio Clamando às luzes da rua Com elas apagadas, o quê vou ver? Nem sol, nem estrelas. Nem planetas, nem lua Esses momentos da vida são difíceis São transições Cantam passarinhos e corujas Voam morcegos, urubus e gaviões São dias bipolares Alternam temor e esperança Um dia vemos futuro Noutro passado e lembrança E a lembrança é ralada Pode até uma lágrima escorrer Lágrima retida, guardada Escorre sem perceber E se for lágrima nova? É difícil saber Só resta apagar as luzes E esperar o amanhecer É tempo novo, não tenho dúvida De um passado enfumaçado O problema é o futuro Ser um vídeo tape arranhado Sinto-me um amanhã amarrado Ou

Soneto do Dia

Amanheci com saudade  E com vontade de chorar  Foi-se o medo de ficar Escondi a minha idade Amor tarda em acordar? Amor padece e anoitece? Amor se perde e escurece? Ou só existe se brilhar? Talvez seja só o frio Um instante de vazio Um perdido descaminho  Mas se for pra luz como o sol Pro teu olhar alerta de  farol Azul seja como o dia se anuncia

Um pouco menos rascunho

Introdução  E na insônia de feriados inacabados Surgem rascunhos de sonhos desbotados Surgem versos de amores arranhados Desabafa a alma de tropeços infundados ---------------------- Da sorte nunca fui amigo Não sei o que é um amor tranquilo Não sei o que é um amor amado Sei o que é um amor chorado De tempos em tempos meia dúzia de palavras surgem E desafogam o peito enquanto lágrimas rolam Inundam e transbordam meu aquário Com muitas sobras do meu velho armário Eu sei, só sei sentir E tenso, não consigo sorrir E confuso, não consigo partir Penso muito, mas não chego a existir Pra existir falta... Falta mergulho, profundidade Falta um nó bem, bem amarrado E um baú bem trancado No meu peito nada fica De dia sinto, de noite finjo De madrugada choro e não durmo Afogo-me, noturno E palavras que imploro e quase sempre teimam em não vir Nas insônias explodem a surgir Umas com sentido, outras surreais Vibro como um gol de honra. Algum sentindo isto me faz