A ODISSEIA DA CHAVE


Chegava ao trabalho ontem e me preparava para saltar do ônibus quando ouvi um barulho de algo caindo do meu bolso. Não entendi o que seria, mas dei uma revistada ao lado do banco e não vi nada. Coloquei a mão no bolso e vi que faltava algo: minha chave de casa. Revistei novamente o espaço entre o banco e a lataria do ônibus e, aí sim, vi que minha chave, daquelas finas, sem chaveiro, havia caído em uma "murphyana" fresta. Restavam uns 300 metros para meu local de desembarque. Minha mão não conseguia puxar a chave naquela fresta tão apertada. Pensei em pegar algum cartão na minha carteira para puxar. Sem resultados. A chave não se mexia, encaixada no vão como se feito pra ele. Já não havia mais tempo, meu ponto havia chegado. Precisei abandonar a chave e saltar. Logo em um dia que não teria ninguém em casa quando eu voltasse para abrir a porta, o que exigiu algum trabalho e outras estratégias para conseguir entrar em casa à noite.
Chegou o dia seguinte e, com ele, a hora de ir ao trabalho. Cheguei ao ponto e havia um ônibus saindo naquele momento. Era parecido com o ônibus que havia viajado (ir pra Barra da Tijuca é uma viagem) no dia anterior. Entrei no ônibus e decidia tranquilamente onde sentar, já que ele acabará de sair de seu ponto inicial. Escolhi um lugar lá atrás mas percebi que a cadeira era um pouco apertada (não sou alto, mas chego quase sem joelhos a meu destino na tentativa de acomodar minhas pernas no espaço entre o banco que sento e o banco da frente na "espaçosa" e "confortável" frota de ônibus carioca. Imagino como sofrem os de pernas compridas...). Abortei a decisão de sentar lá atrás e voltei ao meio do pequeno ônibus, daqueles que a gente paga uma passagem de quase 4 reais após muitos aumentos para ter ar condicionado mas conta, no máximo, com algumas janelas que abrem (e lembrar que um aumento de 20 centavos quando a passagem era R$ 2,75 "levou" milhões às ruas e iniciou um Golpe de Estado, heim?). Por fim, decidi que ia sentar em uma cadeira no meio do ônibus após ver que o banco da frente tinha os reflexivos escritos (e desenhos genitais) que vocês veem na imagem. Era exatamente o banco que havia sentado ontem e acomodava um pouco melhor minhas pernas. Lembrei do banco, mas não recordei da chave que perdera no dia anterior. Por sorte minha amnésia durou apenas alguns minutos. Logo lembrei daquela chave e me afastei para olhar se estava no mesmo fatídico local, hoje com a facilidade de me movimentar para o resgate sem uma pessoa sentada ao lado. De primeira não consegui enxergar bem e lembrei de um recurso que poderia ter utilizado ontem para me guiar: a lanterna do celular. A tecnologia tem tudo, mas não tinha um maldito objeto que me ajudasse a pegar a chave, que com a lanterna havia identificado estar no mesmo local. Tinha 1 hora para pensar em como resgata-la. Logo me veio à cabeça uma faca para empurrar a chave para a frente da fresta o que faria com que saísse da frente do banco e eu conseguisse puxa-la com a mão. Mas eu não tinha uma faca na mochila. Lembrei, então, do garfo da minha marmita. Abri a embalagem da marmita, peguei o garfo e comecei a operação de resgate da chave, auxiliado pela iluminação da lanterna. Como tudo fica mais fácil trabalhando com as ferramentas corretas, não? Consegui empurrar a chave para a frente do banco e a puxei com a mão. Em alguns segundos a chave que havia perdido no dia anterior estava em minhas mãos. Logicamente, foi colocada em outro bolso da mesma bermuda que utilizei no dia anterior (ok, repito a bermuda 2 dias às vezes) e me gerou tanto trabalho. E foi assim que a esguia e serelepe chave foi resgatada.

P.S. Fiquem tranquilos. Lavarei bem a ferramenta utilizada no resgate (mais conhecida como garfo) antes de almoçar.

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