O sabor do tricampeonato





Gustavo, 18 anos de idade. Eu nunca havia visto o meu time campeão brasileiro.
O Fluminense sempre foi um clube de glórias mil. Mas passamos uma fase negra. Fomos humilhados, roubados, xingados, soterrados nas profundezas do futebol. Renascemos.

A partir de então, vi uma torcida carregar um clube. Vi festas, comecei a ver títulos. Em 2005, contra o Flamengo, final da Taça Rio, eu estava lá. Na final do estadual, contra o Volta Redonda, eu estava lá. Vi, nessas duas festas, um espetáculo nas arquibancadas, ao som de “A benção João de Deus”, embalar um show no verde palco do Maracanã. Em 2007, eu estava lá. Vi o limitado Adriano Magrão, abençoado, iluminado, empatar uma partida, encaminhar meu primeiro título nacional. Vi uma festa inesquecível no Laranjal. Vi o gosto de imaginar uma Libertadores.

Em 2008, senti uma Libertadores. Vibrei como nunca havia vibrado. Cantei como nunca havia cantado. Amei como nunca havia amado. Chorei como nunca havia chorado. Indescritível, inesquecível, mágico, dolente. Tive a maior emoção da minha vida aos 46 minutos da etapa final, das quartas de finais da competição sul-americana. O coração valente, a partir daquele momento, jamais sairia dos nossos corações. Vi o Fluminense derrubar o gigante Boca. Parei de duvidar do meu time. Passei a acreditar que o impossível não existia para o tricolor. Paralisei ao ver, engessado, em pé em uma perna só, em cima de uma das milhares de cadeiras do Maracanã, a perda de um título mais do que sonhado. Não quis acreditar. Chorei ao acordar. Apesar de tudo, havia visto uma festa que o resultado final nunca poderia ofuscar, que o tempo nunca poderia apagar. Assim como Fluminense, renasci. Descrente, porém.

Em 2009, cheguei a pensar em desistir. Até que a mais linda arrancada da história do futebol, impulsionada por um amor irracional de uma torcida e por um grande comandante na área técnica, me fez arrancar junto, me levar ao Maracanã, me fazer lutar ao lado dos novos guerreiros, de outra arena. Vi um corredor em três cores, a maior união torcida-time
já vista no futebol. Vi uma torcida que era um dopping legal. Porém, novamente senti a perda de um título para um algoz que se valia da altitude. Me revoltei. Mas não havia tempo para tristeza, a maior batalha estava por vir. Vencemos e apanhamos. Mas batemos. Em campo. Recebi o time em sua volta como quem recebia o grande amor da vida. Um título.

Em 2010, vi a continuação de um time de guerreiros. Vi a chegada de novos integrantes, a sentida saída de promessas, que no caso do esguio ponta direita, já eram realidade. Vi um início promissor. Vi uma regularidade. Vi o descanso do Mário Filho, um gigante que nos abrigava e nos fazia crescer. Vi uma continuação. Vi um fato. Vi um pequenino argentino, bem brasileiro, se agigantar e comandar uma equipe, sem nunca deixar de marcar presença. Até o final. Nas vésperas, vi milhares de bandeiras, camisas, vi uma cidade verde branca e grená. Como sempre, eu estava presente. Agora, em outro palco. Vi uma explosão de cores, a legenda de toda paixão. E lá estava de novo o autor do gol que mais me emocionou, para desviar e participar de outro momento de infinita emoção e alegria. Dessa vez, não foi ele quem balançou a rede. Mas meus créditos vão pra o coração mais valente que já vi, um verdadeiro guerreiro. Não acreditei. A ficha parecia não cair. Vi o que por milhares de vezes imaginei. Vi o que por milhões de vezes sonhei. Senti o sabor de superar todas as lágrimas dolorosas escorridas. Vi um prêmio para milhões e milhões de torcedores, uma linda recompensa por tantos caminhos difíceis atravessados. Vi o tricampeonato. Sim, o TRICAMPEONATO BRASILEIRO!

Meninos, meninas, senhores, senhoras... Eu vi!


Alguns torcem, nós PULSAMOS. Alguns adoram, nós AMAMOS. Alguns tem times, nós temos uma PAIXÃO.

Fluminense Football Club – Tricampeão Brasileiro

Gustavo Afonso

Comentários

  1. Parabéns pelo texto...


    DUAS PESSOAS UNIDAS A UMA PAIXÃO MARAVILHOSA!


    TE AMO s2

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