O sentimento é de vergonha


Pela primeira vez na vida, estou com vergonha de ser tricolor.

Os torcedores que vimos hoje, comemorando como um título na porta do STJD, são o reflexo da arrogância e da mediocridade. Arrogância de uma torcida que enche os pulmões para bradar os poderes de bastidores de seu clube, quando dentro de campo falha sua força e apanha. Arrogância de uma torcida que acha grande o discurso todo poderoso de seu patrocinador. Arrogância de uma torcida que acha que os outros caem, como em todos os anos, com irregularidades mil, o Fluminense não. Mas também mediocridade de uma torcida que precisa apelar ao extra campo quando seu time é rebaixado vergonhosamente dentro das 4 linhas. O Fluminense que eu aprendi a amar não é arrogante, é grande por si só, por sua história. O Fluminense que eu aprendi a amar não é medíocre, é gigante, mas dentro de campo.

A minha vergonha com certeza é extensiva a quem comanda o clube. O Fluminense tinha a oportunidade de livrar-se de vez da alcunha imoral que lhe atribuíram se jogasse a 2ª divisão e subisse por seus próprios méritos dentro de campo. Mas nossa torcida e os nossos “comandantes” da diretoria conseguiram sujar ainda mais a imagem do Fluminense. Se não bastasse a incompetência, o amadorismo e a sacanagem que ficaram retratados com nosso rebaixamento dentro de campo, ainda vimos a incompetência, o amadorismo e a sacanagem se repetirem com a participação ridícula do advogado do Fluminense em um processo que o clube deveria permanecer totalmente isento, sem qualquer manifestação. Com isso, o comando do futebol, com grande atestado de burrice e desconhecimento da história do clube e dos rebaixamentos passados, apequenou e desonrou o Fluminense que eu aprendi a amar, que nunca precisaria depender ou participar de processos fora do campo para permanecer na primeira divisão do campeonato nacional.

O Fluminense pode ter total embasamento e condição legal de disputar a série A do Campeonato Brasileiro. Mas não tem moral. O Fluminense caiu no campo e nenhum artifício extra campo contribuiu para a nossa queda. Nunca o demérito, o erro de um, pode tornar-se o benefício de outro a não ser que tenham se confrontado diretamente. Caíssem 5. Tirassem os pontos da Portuguesa, como permite o código da FIFA, no campeonato subsequente, assim como ocorreu no campeonato italiano há alguns anos.

O futebol é um esporte e a esportividade deve estar acima de tudo. A justiça, o bom senso, devem estar acima da lei, que não pode ser interpretada e julgada cegamente, sem avaliar o contexto, sem avaliar se houve ou não má fé. Qual foi o benefício da Portuguesa e quem a mesma prejudicou com a escalação do jogador? Foi proposital? São fatores que não podem, de maneira alguma, serem desconsiderados. O senso de justiça deve estar acima da lei. A nossa imparcialidade, acima da passionalidade.

Se fosse o Flamengo, por exemplo, no nosso lugar, tricolor? Qual seria sua posição? Cumpra-se o regulamento cegamente ou respeite-se o que foi jogado dentro de campo? Futebol é passional, assim como os torcedores. Não cobro dos tricolores ou do restante dos torcedores dos outros times imparcialidade. Mas no nosso caso, cobro um pouco de inteligência e memória.

Alguém acredita, sinceramente, que se não interessasse a CBF essa irregularidade seria denunciada ao STJD? Ou iria parar, como muitas, embaixo de um sofá qualquer da “entidade”? Não há mais lugar pra ingenuidade no “futebol de hoje”.

Ficaremos de vez estigmatizados como o clube da virada de mesa (sendo virada de mesa ou não), o clube que deve, agora, 2 séries B. Somente nos anos que o Fluminense cai, ocorre algum problema. Essa coincidência não será esquecida. Dar de ombros pra isso, tricolor? Tem certeza?

Estou ansioso para ver o comportamento dos tricolores, que hoje comemoram, quando não aguentarem mais as gozações dos adversários, os roubos de juízes e o massacre da opinião pública, aliado a derrotas dentro de campo. Com o comando que temos, é notório que o futuro carregará essas características.

2014 terá contornos de 1997 para o Fluminense. Para quem não se lembra, consulte a história e o final da mesma, que merece repetir-se em 2014.

E se você se julgar mais tricolor do que eu, por favor, reveja seus conceitos do que é ser Fluminense, amar e querer o seu clube no caminho certo.

Comentários

  1. Pálmas não. O Tocantins inteiro pra ele.

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  2. Nossa .... gostei do que escreveu !!!! Parabéns !!!

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  3. Sou tricolor e concordo com TODAS as palavras escritas acima!

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  4. Belas palavras. Se fosse o meu Flamengo no lugar do Fluminense, estaria dizendo as mesmas coisas. Adversários no jogo, parceiros na ética.

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  5. Parei de ler em "A justiça, o bom senso, devem estar acima da lei, que não pode ser interpretada e julgada cegamente, sem avaliar o contexto, sem avaliar se houve ou não má fé." Todo mundo acha que é a pessoa mais sensata do mundo... esqueceu que existia um regulamento, com uma regra que existe há mais de 10 anos e que foi posta com a concordância dos clubes. Regra que sempre foi aplicada para esses casos idênticos. Infelizmente a mídia tendenciosa ecoa no ouvido de certos torcedores de tal forma o problema é ser "estigmatizado." Vá ler um Becker e verá que o estigma é muito mais um problema criado pelos "empresários morais" que propriamente daqueles que recebem o fardo do estigma (ex. gays, portadores de doença etc). Você deveria ter vergonha deste post.

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  6. Eu sou esta torcida
    que pinta o saudoso MARACA de verde,grená e branco
    que derrama este branco em uma cortina quando seu FLU entra em campo
    que não torce para juizes de paleto em salas fechadas
    que xinga a mãe do juiz de bermuda nos jogos
    que deixa seu coração alegre ou triste no campo até a próxima rodada
    Esta torcida guerreira e fiel é do Futebol
    e ela é de tantos e de muito mais outros
    Nossa Torcida Tricolor sem vergonha! SAUDAÇÕES
    Thereza Bulhões

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