A MAIS NOCIVA MENTIRA, A MAIS SANGRENTA FERIDA DA NOSSA HISTÓRIA
















Guardei os comentários, em respeito a representatividade, para a data correta e propícia. 1º de Abril: dia da mentira. 1º de Abril de 1964: dia da maior mentira da nossa história. Nesta data, o povo brasileiro, em sua grande maioria, ouviu, leu, viu a grande mentira que pode ser contada a um povo, a privação da sua voz, do seu presente, do seu futuro.

A maior mentira da história do Brasil começou a ser contada, na data hoje de comemoração para poucos, de esclarecimento e lamento para outros e de indiferença para alguns. 1º de Abril de 2014, completam-se verdadeiramente 50 anos do golpe civil e militar no maior país da América do Sul.

A mentira da data, preocupação militar com a referência, é um mero detalhe para um regime que se instaurou na mentira, covardia e corrupção. A começar pelos principais responsáveis pelo golpe, que nunca assumiram a participação, mas hoje tem o nome diretamente ligado por qualquer cidadão com um mínimo conhecimento histórico: Estados Unidos da América.

O povo em geral, não sabia o que havia por trás. A mentira propagada e empurrada goela abaixo era de uma ameaça comunista. Não havia ameaça comunista. Havia sim um Brasil dividido, com um presidente de esquerda que lutava com todos os seus esforços para promover reformas com benefício prático para o povo brasileiro. O ambiente mundial não permitia isso. O Brasil, assim como toda América do Sul, tinha estratégico papel para os norte-americanos, não só no avanço do capitalismo em relação ao comunismo, mas na riqueza espalhada em cada canto do nosso continente. Riqueza que nos foi roubada, como fizeram nossos colonizadores, enquanto “a pátria não percebia ser subtraída em tenebrosas transações”.

E no decorrer do regime militar, o da mentira, a verdade era omitida do povo a cada segundo com a cumplicidade criminosa de veículos de imprensa que nasceram, cresceram e mentiram para o povo brasileiro, como fazem até hoje. Uns, assumiram postura de mea culpa no presente, justificando o posicionamento como a única opção para sobrevivência do jornal, da emissora. Outros, ainda hoje têm a audácia de pregar a ditadura como a solução para o então momento brasileiro. Mas, uma das diferenças da democracia para uma ditadura, é que nem mesmo a mais estúpida e criminosa justificativa para o apoio ao regime militar é amordaçada ou privada de veículos que pregam liberdade de expressão, mas contribuíram para calar a voz do povo brasileiro. Que moral eles têm para cobrar algo se hoje, na democracia, tem liberdade até para mentir sem assumir qualquer papel de responsabilidade?

A ditadura militar brasileira baseou-se tanto na mentira, que nela, o correto era mentir. Para preservar a vida de companheiros da resistência, que precisava existir, de corajosos estudantes, professores, historiadores, advogados, entre outros, o cidadão brasileiro, o dono do Brasil, precisava mentir para poupar a vida do próximo, algo inimaginável do lado de lá, o lado da covardia, da perseguição, do cala boca, dos choques elétricos, do pau de arara, das mortes. Brasileiros com sangue verde amarelo sacrificaram suas vidas, sem máscaras ou objetivos escusos, em nome de outros brasileiros. Não há maior amor à pátria. Amor que não existia no patriotismo mentiroso, na publicidade mentirosa dos comandantes do regime militar, enquanto entregavam o país a estrangeiros, torturando e matando os filhos e legítimos proprietários da nossa terra.

Foram 21 anos de mentiras que são sustentadas por doentes ou alienados até hoje. E hoje, completam 50 anos de quando começaram a ser contadas. A marca é para sempre. No Brasil de 2014, colhemos frutos ruins de uma democracia jovem e de um país cujos galhos secos largados, mesmo quase 30 anos depois, ainda rendem tristes problemas estruturais de desordem urbana, miséria, violência e perda de identidade.

Ferida doída, jamais deixará de arder. Mas, no nosso Brasil atual, deve servir apenas de exemplo. Na era da verdade, deve servir apenas de lição. O Brasil voltou a ser seu, brasileiro! Povo, o poder de decisão lhe foi devolvido, permitindo que tenhamos no comando mais alto do país, para ódio dos antes poderosos, quem tem no corpo e na alma as marcas da luta, da resistência a covarde ditadura militar brasileira, promovendo uma justiça histórica que jamais indenização, prisão ou tribunal poderiam promover. Só o povo é capaz disso.  

“Apesar de você, hoje é um novo dia. Eu pergunto a você, na democracia, o que faz com sua covardia?”.

Obrigado a todos os brasileiros que resistiram, sofreram, morreram em nome do Brasil e de seu povo. De Chico Buarque, que combateu com intelectualidade genial, ao mais simples trabalhador, com seu bradar de imensa coragem em gritos de: abaixo a ditadura!

O Brasil é de seu povo. E o povo brasileiro jamais permitirá que isso mude novamente.

Gustavo Afonso

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