Um pouco menos rascunho


Introdução 

E na insônia de feriados inacabados
Surgem rascunhos de sonhos desbotados
Surgem versos de amores arranhados
Desabafa a alma de tropeços infundados

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Da sorte nunca fui amigo
Não sei o que é um amor tranquilo
Não sei o que é um amor amado
Sei o que é um amor chorado

De tempos em tempos meia dúzia de palavras surgem
E desafogam o peito enquanto lágrimas rolam
Inundam e transbordam meu aquário
Com muitas sobras do meu velho armário

Eu sei, só sei sentir
E tenso, não consigo sorrir
E confuso, não consigo partir
Penso muito, mas não chego a existir

Pra existir falta...
Falta mergulho, profundidade
Falta um nó bem, bem amarrado
E um baú bem trancado

No meu peito nada fica
De dia sinto, de noite finjo
De madrugada choro e não durmo
Afogo-me, noturno

E palavras que imploro e quase sempre teimam em não vir
Nas insônias explodem a surgir
Umas com sentido, outras surreais
Vibro como um gol de honra. Algum sentindo isto me faz

Amanhã não te garanto
Como vou garantir?
Não faço ideia do que sinto
Que dirá do que vou sentir

Ciúme sei que sinto
É difícil disfarçar
Escondo, abafo, calo, minto
Não consigo te enganar

Transpareço o que não devo
Omito gritos que precisam ecoar
Escolho e erro, doso e me vingo
De mim e de ti, quando apenas deveria amar

Racionalizo e não creio
Entendo que sente
Diferente, indiferente, talvez menos ou desigual
Mas de sentimento entende. Quem sabe expressas mal?

Pode ser o costume
Desacostumando
Temo e emudeço
Talvez mais um desengano

E no meio desses tortos caminhos
Surgem flores, belas
Bagunçam o desalinhado, mas acostumado ninho
Confundem. Novo norte, velho vinho

Abro a alma e então enxergo
São somente passarinhos
Envolventes, atraentes, doces e levados
Cumprem seu papel desenhado em pergaminhos

Surgem para que não me enlouqueça
Sou o maior culpado
De teimosia insana
Silencio vozes e alertas. Sentimento resgatado

Mas uma coisa é certa
Em madrugadas escuras
Da companhia solitária do frio
Somente o choro preenche o meu vazio

E no amanhecer de olhos bem abertos
Sei que o dia nascerá ainda mais incerto
Arrumarei defeito no que escrevi
E talvez até renove o que por você senti

Quem sabe até transforme passado em presente
E ainda teime em ver futuro (...)

(...) Deve ser a luz do dia
Talvez apague com o escuro

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